21 de nov. de 2011

A Ilusão da Originalidade

É assim que a recordo, de sorrisos fugazes, surpresa por a observarem, ela estava só a ser ela própria, a ignorar o mundo ouvindo a sua musica de compassos ora sóbrios ora tresloucados, com os seus lábios e cabelos que fariam inveja à mais bela das princesas Disney. É, era assim que a via, que posso dizer? Um homem apaixonado vê a sua musa perfeita, ou melhor, vê-a na perfeição, porque a vê muito melhor que qualquer um.
Mas para quê avistar-se um ser deliciosamente perfeito, quando não se o pode possuir? É o mesmo que se acorrentar um tigre dentro de um cercado de coelhos, que saltitam de um lado para o outro, felizes, sentindo-se seguros por o predador estar desabilitado, a diferença é que eu não estou preso, nunca estive, pelo menos directamente. E não me venham com a conversa que devia ter lutado por ela e coisas do género.
É ela, a culpa foi dela, e ela sabe-o, porque sempre o fez de propósito, não, não é defeito de fabrico coisa nenhuma, é qualidade, ela tem aquele jeito felino de quem gosta de estar sozinha. Construiu paredes de betão à volta dela, é como se fossem as correntes do tigre, só que neste caso ela é o único coelho, preso dentro das paredes, e os homens, tigres, que rondam esfomeados a muralha de betão, esperando o dia que ela se lembre que existe uma porta. Sim, uns namoricos aqui e ali, isso ela admite de vez em quando, mas nunca os deixa chegar muito perto, eles são traiçoeiros, de instintos fortes. E assim, nunca deixou ninguém a possuir, e talvez seja isso que me deixa fascinado com a sua pessoa, a ideia de ter o que nunca ninguém teve. A ilusão da originalidade.

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