25 de jun. de 2011

Cheira a mar



Quando saí de casa, olhei a estrada ao longe e vi uma poça de água, que na realidade sabia que não estava lá.
As ruas estão desertas e nem um carro passa, e esta avenida que costuma ser tão movimentada.
Os pés ardem-me nas havaianas e sinto as calças coladas ás pernas, não consigo ter o cabelo solto, trinta graus dizias tu?
A musica não tem o mesmo sabor debaixo daquele sol sem brisa, dava para fazer ovos estrelados no asfalto, aposto.
Está tudo demasiado calmo, ainda só passou um par de carros e um senhor com uma camisola suspeita.
O chão está peganhento, malditas árvores resinosas que cospem a tal substância peganhenta para cima da calçada.
Havia um carro, vermelho, horrível, estacionado há sombra. Já o tinha visto em dias anteriores, com o seu dono de feições asquerosas e rudes, com óculos de fundo de garrafa sentado no seu interior acompanhado pela namorada, uma rapariga que também não inspira nada de bom.
Ao passar pelo carrinho que mais parece uma caixinha de fósforos, todo mal tratado, reparei que eles tinham deixado lá dentro um maço de tabaco e duas toalhas de praia. Quanto ao maço de tabaco nem lhe liguei, eles que engulam a cinza que quiserem, mas as toalhas...
As toalhas fizeram-me viajar, e de repente houve uma brisa, um cheiro a mar, a sal, crianças a fazer castelos de areia e uma enorme... uma enorme massa azul esverdeada, com uma largura que a vista não alcança.
Acho mesmo que tive diversas miragens naquele espaço de dez minutos.