6 de abr. de 2013

Madame

Junho, o calor começava a ser mais frequente no dia a dia, finalmente o frio primaveril começava a evaporar-se e ela podia sentar-se no alpendre na cadeira de baloiço que chegava a congelar no inverno.
Era pacifico, e a brisa, que começava a ser quente beijava-lhe o pescoço nu, tinha um envelope entre os dedos, acariciou o papel e descolou a tira que o selava. Era de Martim, já não o via haviam três ou quatro voltas de lua, pensava que nunca mais o veria, pela forma como as coisas tinham sido deixadas. 
Tinha sido uma amizade com uma interrupção algo brusca e inexplicável, mas talvez isso não tivesse significado o fim para eles.
Puxou o papel que estava dentro do envelope, era mais uma espécie de cartão do que um papel na verdade, tinha as pontas a imitar pergaminho e havia laivos dourados aqui e ali, um pouco á antiga, muito ao estilo de Martim.
Leu-o devagar, consumindo as palavras como se quisesse ler aquilo para sempre, eram escritas á máquina
e notava-se que tinham sido impressos vários cartões pelo mesmo modelo, as letras convidavam-na para assistir a um musical. Provavelmente não seria nada de especial, como nunca era na realidade, mas atrás do cartão, onde não havia sinal de ter sido produzido por máquinas, havia um "Aparece, por favor" e a rubrica de Martim sussurrada por baixo.
Era Martim, e apesar de não o ver há muito não podia deixar de comparecer, não o queria desiludir apesar de todo o sucedido, a carta tinha vindo atrasada, o musical tinha data para o dia a seguir, pôs o papel de lado e desfrutou do resto da tarde no alpendre a ser acariciada pela brisa.
No dia seguinte, já o sol se começava a extinguir quando se começou a arranjar para ir ver o seu amigo actuar, vestiu algo simples mas sofisticado, afinal era um musical, haveria lá algures mulheres de alta classe nos seus vestidos pomposos, e sabia que Martim estava a subir na sua carreira performativa e cada vez mais pessoas o procuravam para se entreterem ao ouvi-lo cantar e vê-lo executar as coreografias dramáticas tão típicas dos musicais. Vestiu um vestido vermelho de verão, leve e confortável e pintou os lábios a condizer, pesou se faria ou não uma trança, mas decidiu levar o cabelo solto numa cascata acobreada.
Pegou no convite, lançando-o para dentro da mala, entrou no carro e ligou a ignição fazendo o carro ronronar por baixo dela, conduziu devagar para poder perder-se em devaneios com mais segurança, quando deu por si já estava quase no teatro onde seria o espectáculo, estacionou e saiu a cambalear um pouco por estar a ficar atrasada, á entrada, quando disse o seu nome ao moço da lista de convidados, este fez um ar de reconhecimento e fez o seu colega guiá-la até ao seu lugar, Que bem, agora até têm lugares marcados para os convidados, o Martim anda mesmo a ficar alguém importante, pensou Diana. O rapaz guiou-a até uma das cabines suspensas que tinham porta para a privacidade e tudo.
-Espero que aprecie o espectáculo, Madame. - disse o rapaz com cortesia.
Mas ela estava sozinha, não precisaria daquilo, tentou dizer ao rapaz, mas então ele já tinha desaparecido atrás dela.
Acomodou-se no lugar que lhe tinha sido concedido e esperou o inicio do espectáculo.
Martim era dos personagens principais, o musical falava de uma historia de romance entre dois jovens que no final morriam literalmente de amores um pelo outro, mas, ao contrário de Romeu e Julieta, estes morriam assassinados por um fora da lei. A história não era das melhores, mas a produção estava boa, muito melhor do que a ultima que se lembrava de ver com Martim a actuar. Quando acabou houve uma enorme salva de palmas, até rosas atiraram ao palco e aclamavam o nome dos personagens, por essa altura Diana levantou-se e virou costas ao palco, saindo pela porta da cabine e dirigindo-se para fora do teatro, queria muito falar com Martim, abraçá-lo e felicitá-lo pelo sucesso, mas a ideia aterrorizava-a, por isso apressou o passo até chegar ao seu carro, estava a pôr a chave na ranhura quando ouviu o seu nome ser chamado do outro lado da estrada.
Era Martim, ainda com a roupa da peça, uma camisa branca e larga enfiada dentro de calças pretas, os seus pés estavam descalços, tal teria sido a pressa com que teria deixado o teatro à sua procura. Diana congelou, ficou imóvel a olhá-lo, meio em pânico, meio em êxtase. Ele atravessou a estrada a correr, com os seus caracóis castanhos a saltitar com os seus passos até chegar a ela, parou imóvel à sua frente e por momentos fitou-a triste, lembrando-se de todas as coisas terríveis que tinham dito um ao outro.
-Vieste. - Disse por fim, e um enorme sorriso rasgou-lhe os lábios ao mesmo tempo que se precipitava num grande abraço.
Ela envolveu-o também e sentiu os olhos quentes e húmidos de lágrimas.
-Claro que vim, és o meu melhor amigo.

5 de abr. de 2013

Do vaguear

I just don’t say anything to you about us becouse I’m afraid, I’m afraid you’ll reject me, afraid you will prefer someone else over me, becouse I can’t write those complex romantic poems you like. I barely can’t even write some romantic shit adressed to you, I mean with your name explicit on it. I’m too afraid you will find me lame, becouse it’s not complex, it’s not poetic it’s just some lame, dreamy and shitty text about you and me being together. Also, I’m ashamed of what I feel about you, I can’t admit it, I can’t admit that… I might really feel something, it just does not seem right becouse I already know you do not feel the same. And… I kinda feel like I’m a monster, becouse It seems that I’m not good enough for anyone.

Encontrei isto no meu tumblr, escrevi-o em Julho, de 2011.