30 de jul. de 2011

-Dizei-me então que quereis vós de mim. - É pedido através da escuridão, mas como cega que é ouve apenas o murmúrio das folhas que bailam socialmente com o vento.
-Eu..? - Parece-lhe ouvir a voz que ela ansiava, aquela voz limpa e familiar.
-Ora, pois claro que sois vós.-Confirma, mesmo duvidosa da própria sanidade. -Quando ireis dizer, e esclarecer esta pobre alma perdida?
-Esclarecimentos nunca mos pediste. - Respondeu a voz ofendida.
-Peço-vos agora, ou já é tarde?
-Foi sempre tarde,ou achas que alguma vez houve algo?
-Mas pensei que...
-Pensaste. Pensar todos pensamos. Porquê divagar em vez de pedir a confirmação, simplesmente perguntar, verbalizar meia dúzia de palavras. É preciso assim tanta coragem? Mas que diabo, era só olhares-me nos olhos e perguntar. Quem sabe se terias sorte? Mas alguma vês o fizeste? Alguma vez tentaste, arriscaste? Não, nunca. E isso pesa-te, que eu bem sei.

Não houve mais respostas. A cega consentiu calando-se e a voz, amarga, não retomou a conversa. E foi então, que mesmo sem visão, a cega continuou a andar, e a andar, procurando a saída daquela floresta assombrada pelas próprias mãos. Porque, nunca se pode confiar que lá vá alguém, e mesmo que fosse, não seria para a ajudar, mas sim para igualmente se perder e não mais encontrar a saída.

29 de jul. de 2011

Ás Escuras

E é assim quando penso que talvez eu esteja louca, talvez esteja cega.
Se calhar ia muito bem a andar pelo parque durante a noite e alguém cometeu a maldade de me apagar as luzes de presença.
E pronto, talvez seja só temporário, este estado de confusão, de mau olhado.
Quem sabe se alguém irá reacender as luzes, para me desencantar da escuridão da floresta cerrada?
E por outro lado, será que quero realmente sair da escuridão e enfrentar a luz?


26 de jul. de 2011

Sinceramente


Sinto-me uma criancinha.
Não por andar ai feliz aos saltos, coisa que só ando as vezes, mas por querer colinho.
Quero que me apertes no teu abraço forte, quero que me digas o quanto gostas de mim e que me dês um beijo carinhoso, selando assim a tua afirmação.
Sinto-me a sonhar, é como se o fizesses e depois o negasses, é como se eu visse mal as coisas.
Mas e as testemunhas? Não percebo, não entendo.
Devíamos conversar devíamos, mas as crianças não tem conversas sérias, as crianças deixam o tempo fluir, deixam as coisas passar.
E é isso que estou a fazer... Mesmo que não seja essa a minha vontade, mas falta-me a coragem. Estou a deixar-te escorregar entre os meus dedos.

25 de jul. de 2011

Seja lá o que for

É aquele sentimento, irritante e inseguro, mas mesmo assim agradável.
É quando se dá um abraço e se sente um arrepio pela espinha, é quando se recebe um beijo e se esquece a própria essência, é quando as palavras não dizem nada e os gestos dizem tudo.
No fundo é quando se tem total confiança em alguém, quando lhes admiramos os defeitos, são aqueles meios sorrisos capazes de derreter um icebergue.
É quando desejamos que a história acabe bem, quando se quer acreditar no E viveram felizes para sempre.
E que, mesmo que não seja para sempre, que nunca é, que fique guardado com carinho naquele nosso pequeno arquivo, e que seja lembrado sempre com felicidade e orgulho, por estes tempos bonitos que nos fazem pensar como éramos estúpidos e apaixonados.

18 de jul. de 2011

Luxúria

É suposto ser um acto de amor.
Não é elegante vangloriar-se com tal coisa.

17 de jul. de 2011

Desventuras

Começa da maneira mais inocente possível, com um jogo, só lhes estás a fazer companhia.
Depois começa a saber-te bem, mas sabes que exageraste quando dás o ultimo gole e vês tudo a roda.
"Estou a ver tudo a roda." - dizes áqueles que estás a  tentar acompanhar.
Então surge uma conversa enorme sobre tudo, e falas e falas, mesmo que não seja habitual.
Levantas-te e estás constantemente a tropeçar, é então que reparas na lua, nunca esteve tão bonita.

13 de jul. de 2011

Opções erradas

Não sou pessoa que acredite no destino, não acredito, pronto.
Mas as vezes ponho-me a pensar na vida, e das duas uma, ou o destino existe mesmo, ou então as pessoas estão fartas de escolher as opções erradas.

12 de jul. de 2011

Complexidades


Pensas que estás a fazer um bom trabalho a tentar conquistar-me, o que tu não sabes é como é o meu mundo.
Pensas que foste muito maduro por me deixar de responder para eu me divertir na praia, mas o que tu não sabes é que maior parte das vezes estás a falar comigo e eu estou a implorar que deixes de responder.
Quando é que vais parar de tentar tanto?
Só me fazes sentir mal, culpada, eu não quero ser o monstro, não quero ser aquela que te vai partir o coração, mas se continuas assim... E talvez por isso não te queira contar o que realmente se passa, aqui, no meu mundo.
Todos os esforços ridículos que fazes só me fazem ficar cada vez mais farta, saturada, sem espaço para respirar. Não te conheço e tu não me conheces a mim, que coisa rapaz.
Quanto mais dizes "Eu não te quero estar a chatear." mais me chateias, percebe os sinais por favor, estou farta de responder com palavras de três letras e sempre com o mesmo icon expressivo, que qualquer dia perde o bom significado.
O teu humor é terrível, não preciso que faças pouco das coisas que te contei há séculos e que não foram chamadas a actualidade. E muito menos preciso que fiques todo afectadinho quando me chateio com isso, a culpa é tua por tocares em assuntos indesejados.
Mas continuo a sentir-me culpada, porquê? Porque tenho pena, tenho pena de não te conseguir dar um não grande e grosso, tirar-te essas tuas esperanças ridículas, dizer-te que gosto de uma pessoa que não és tu, e que nem sequer se aproxima da tua realidade.
E que essa pessoa, provavelmente, também me prende da mesma maneira que eu te prendo a ti.
Se calhar vendo bem, estamos os dois na mesma situação, se calhar ele faz-me a mim o que te faço a ti, e provavelmente nenhum de nós quer acreditar na realidade, que eu te estou a dar para trás e que ele me está a dar para trás.
Porque é que estas situações tem de ser sempre tão encadeadas?

11 de jul. de 2011


Vê se me guias uma vez na vida, porque perdida ja eu estou.
E perde-te comigo também, com companhia é maravilhoso. 

8 de jul. de 2011

Instrução

Nunca fui pessoa de ler os manuais de instruções das coisas.
Sempre preferi descobrir como é que as coisas são sem ter ajudas de quem quer que seja, mesmo que seja um folheto de papel.
E nisso, reparei que saio ao meu pai. Somos iguais. Aprendemos tudo através da Internet, nunca lemos manual de instruções e não gostamos de cenouras.
Quanto ao manual de instruções só é lido caso seja mesmo preciso, no último, mas mesmo nos últimos dos recursos.
Ainda ontem ele foi buscar a caixa da maquina fotográfica dele para me mostrar lá umas funcionalidades. A caixa estava practicamente selada, só não tinha a maquina e os carregadores lá dentro. Os manuais de instruções estavam fechados dentro de saquetas de plástico, intocáveis.
Já vem de família.
Conclusão, sou daquelas pessoas que gostam de explorar, e uma pessoa que definitivamente não perderia tempo com o manual de instruções, se a vida tivesse um. Até pode ser arriscado, mas é muito mais divertido.

5 de jul. de 2011

Le Crab

É assim, se os pegares de repente, sem gentileza alguma vais acabar por te magoar a ti próprio, tal como o vais magoar a ele.
Mas se fores a passos de veludo, e o pegares com delicadeza nenhum de vocês se magoa, a não ser que dês algum passo em falso, aí sim, vais sofrer pelo que o fizeste sofrer.
Mas sim, temos que admitir que por vezes se trata apenas de uma questão de humor, se aquele pequeno ser não estiver no modo de ser pegado, vai morder-te na mesma. E acredita, ele pode mudar de humor mesmo muito depressa.

1 de jul. de 2011

Fuga


 E cada vez que leio ou vejo tal coisa, sinto o meu coração a tentar o suicídio, como se a soltar-se do meu peito estivesse para fugir dali para fora onde não se fosse magoar mais.