Foi numa noite fria daquelas primaveris com cheiro a verão escondido.
Andava eu a trabalhar e cruzei-me com ele, alto, de camisa azul, feições simples mas atraente e olhos de avelã, trocámos meras palavras e ele quis ajudar-me no trabalho recusei educadamente "Se nos encontrarmos novamente é destino" disse-me com um sorriso sedutor, apesar de lhe retribuir o sorriso, ignorei a promessa e continuei a trabalhar, ele desapareceu, não foi preciso nem uma hora para nos cruzarmos novamente num outro sitio entre a multidão presente, "Deve ser destino" disse-me ele com a sua voz grave, sorri-lhe e continuei, até que me perguntou o nome e por consequência lhe perguntei o dele, éramos possuidores de nomes de personagens de um romance antigo, daqueles com drama e sangue no fim.
Falávamos ao ouvido um do outro, por causa da música que tocava alta, pessoas dançavam à nossa volta, mas ele não parecia querer saber de mais nada, os vestígios de barba que ele possuía na cara arranhavam-me de forma agradável, perdi-me um pouco naquela conversa, entre provocações e afirmações sarcásticas.
Quando decidi fazer uma pausa e dançar um pouco senti alguém acariciar-me o cabelo, olhei para traz e lá estava ele, de meio sorriso na cara a olhar para mim, desafiador.
Conversámos ao ouvido um do outro durante algum tempo, ele tinha um cheiro forte a perfume que só dava vontade de continuar a respirar fundo para o sentir, quando dei por nós estávamos abraçados, no meio do frenesim louco de pessoas extasiadas pela música, acabámos a noite assim, num abraço apertado entre beijos ocasionais no pescoço um do outro, quando a música acabou e as pessoas começaram a ir embora, descobrimos que vivíamos a milhas um do outro, e que muito provavelmente uma relação não sobreviveria, por isso despedimo-nos com outro abraço, mais apertado que os iniciais, quase que lhe pedi para não me largar mais, mas não o fiz, foi quando caminhámos em sentidos opostos que a frase "Se nos encontrarmos novamente é destino" ressoou na minha mente.
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