2 de mai. de 2012

"Gosto de ti"

"Encontramo-nos no café da esquina" disse-lhe hoje no final da manhã, ela sorriu-me e virou as costas, retomando o caminho apressado para o qual eu a tinha atrasado.
Fiquei a tarde toda a tentar interpretar aquele sorriso, teria sido um sim, ou talvez eu não tivesse visto bem a sua expressão, queimei a língua no meu almoço, talvez a testa dela tenha enrugado ou se calhar ela até tenha mordido o lábio num sentimento de culpa, como se me dissesse silenciosamente "Desculpa" e eu deixei escapar os sinais, estúpido. Não me disse mais nada a tarde inteira, esperei até a hora combinada por algum sinal de vida, uma chamada, uma sms, mas nada. Comecei a achar que talvez a minha paranóia fosse real, mas esquivei-me de tais pensamentos e dirigi-me para o nosso ponto de encontro. "Gosto de ti" tinham mudado o nome do café haviam alguns meses, provavelmente foi a afluência de namorados que usavam a esplanada que os fez mudar o nome, para algo que descrevesse o ambiente. E talvez fossemos cometer um crime ao combinar esta conversa aqui. Talvez. Sentei-me sozinho, na esplanada, assim podia estar atento a sua chegada, uma empregada esguia com os lábios muito vermelhos e cabelos loiros quase brancos, típicos do leste, veio-me atender.
"Rodrigo, há quanto tempo, por aqui sozinho? Quer da Joana? Não vos vejo há tanto tempo!" - Perguntou-me fazendo conversa, era muito simpática a... esqueço-me sempre do nome dela, olhei para a sua placa de identificação discretamente.
"Zoya! Boa tarde! É verdade tenho andado ocupado." - Ri tentando aliviar a tensão, ia agora responder sobre a Joana, não ficava bem contar-lhe que tínhamos acabado. - "Ela deve estar ai a chegar."
"Muito bem, queres pedir já ou esperas por ela?" - Disse a Zoya com um sorriso na cara.
"Eu vou esperar por ela, obrigado." - Retribui-lhe o sorriso.
A Zoya, virou-me as costas sempre a sorrir até que a vi desaparecer atrás do vidro, já dentro do café.
A Joana ainda não tinha chegado, nem um sinal de vida e sinceramente, sinto-me um parvo, um estúpido, ela provavelmente não ia aparecer. Encolhi-me sobre mim, com os cotovelos na mesa e as mãos na cara, estava a fixar o cinzeiro que estava na mesa. Passaram-se horas, talvez tenham sido minutos a julgar pela posição do sol, mas parecia que já estava há uma eternidade a fixar o cinzeiro, quando senti um toque no ombro.
"Desculpa o atraso..." - Ouvi a Joana dizer, com a sua voz perfeita.
"Não tem problema." - Tranquilizei-a. O meu coração parecia que queria fazer jus à musica da Emiliana Torrini e não parava de palpitar. A Joana sentou-se, e estava a fazer a expressão que já tinha imaginado, testa enrugada, a morder o lábio, mas os seus olhos estavam tristes, isto era novo.

6 comentários:

  1. isto é retirado de algum lado ou escreves.te mesmo tu??

    mas está giro eu gosto!

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  2. Awwwwwwwwww

    Isto até parecee real!!

    Olha, como é muito tarde, o texto tá lindoo, ta fofo, ta giro, ta sexy....
    Olha, ta tudo!! :D

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